BISPO DOM AILTON ENCAMINHA CARTA ÀS COMUNIDADES EM REFERÊNCIA À SOLENIDADE DE PENTECOSTES 2020



Meus amados irmãos e irmãs das Comunidades Eclesiais Missionárias, comunidades que estão lá na base, onde se tece a vida cotidiana de nossa gente, Graça e Paz, Alegria e muita esperança no Senhor Jesus Cristo!

Estamos celebrando a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo prometido por Jesus, sobre a Igreja, prefigurada nos discípulos e discípulas, dentre eles a virgem Maria, no cenáculo de Jerusalém.

O Espírito Santo é a alma da Missão. A Igreja é essencialmente missionária. Logo, o Espírito Santo é a alma da Igreja. Por sua vez, a Igreja é a rede de comunidades espalhada nas mais diversas localidades do campo e da cidade, onde se tece a vida do povo. Desse modo, o Espírito Santo é a alma de nossas comunidades. Um corpo sem alma é um cadáver; uma comunidade sem o Espírito Santo é uma aglomeração sem vida, sem dinamismo, sem criatividade.

Meus irmãos e irmãs, somos o povo querido de Deus e formamos comunidades onde quer que estejamos. Entretanto, é preciso que nossas comunidades cultivem aquelas três virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade. Fé comum, esperança partilhada e caridade envolvente. Que sejam Comunidades de Portas abertas para as pessoas se alimentarem de Cristo Pão, Cristo Palavra e sair para anunciar e testemunhar a Boa Nova do Evangelho.

O Espírito Santo, manifestado em Pentecostes, transformou o Cenáculo de “portas fechadas” numa casa de “portas abertas”, para o testemunho público da fé. Este tempo de pandemia nos fez experimentar, num primeiro momento, a experiência do “cenáculo de portas fechadas”, por medo do novo coronavírus. Mas, num segundo momento, queremos experimentar todo o vigor do Espírito Santo, que sustentou e fortaleceu a Igreja Doméstica, para levar ao mundo, à sociedade uma proposta de uma vida melhor, pautada, muito mais nos valores humanos e cristãos do que na busca de lucros e outros bens materiais, numa corrida estressante e destruidora da família, da natureza e da própria sociedade.

Muitos estão com pressa de voltar à vida normal. Mas, o que queremos como “NORMAL”? A continuidade de um mundo que é pensado, organizado e fatiado para uma pequena parcela da população mundial? O que queremos como vida normal é retornar ao estresse de sempre, ao consumismo individualista e egoísta? Será que normal é poder freqüentar a escola, ir à igreja, mas não aprender a amar nem comungar da dor e do sofrimento dos milhões de invisíveis para o mercado do capital?

Irmãos e irmãs, não quero me alongar nesta cartinha, mas tão somente dizer que estou com saudade de vocês e que rezo para que possamos, sim, voltar a nos encontrar em comunidade, mas renovados e revigorados, a partir desta experiência de Igreja Doméstica, que nos ajudou a redescobrir o quanto importante é um abraço, uma conversa na calçada, uma visita de um amigo, a solidariedade na dor, a preocupação com os mais vulneráveis, a partilha dos bens, o fazer juntos as tarefas domésticas, o tempo maior para conversar em família, a missão do professor, o valor da comunidade etc etc etc. Tudo isso e muito mais nos ajude a ser ainda mais Igreja Corpo de Cristo, Comunidade Eclesial Missionária, Casa de Portas Abertas, Comunidade Oásis de Misericórdia, enfim, Comunidade de Discípulos e discípulas de Jesus, reconhecidos pela capacidade de “amar uns aos outros como Ele nos amou”. Afinal, o Espírito Santo é o Amor do Pai e do Filho derramado sobre nós, sobre a Igreja.

Um abraço afetuoso a cada um, a cada uma: crianças, adolescentes, jovens, adultos e anciãos que constituem a comunidade. O Espírito Santo que nos mantém na unidade nos proporcione a alegria de nos encontrar em breve.

Deus Pai e Filho, e Espírito Santo abençoe e reanime sempre a sua comunidade!

 
Crateús-CE, 31 de Maio de 2020.



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