Vocação ao Dom da
VIRGINDADE: Uma escolha de amor.
Filhos(as) de Deus, quando falamos sobre o amor de Deus por
nós seres humanos pensamos imediatamente no plano que Ele, o Augustíssimo Senhor
Jesus, tem para cada um de nós, e portanto temos que reconhecer que estamos
frente a um tema que supera tudo: ter esta certeza do amor de Deus Manifestada
neste plano pessoal.
Aí, cada um deve se
perguntar se este algo tão extraordinário está ou não sendo cultivado
merecidamente por nós dentro do plano de Deus. Porque será que as vezes nós não
somos capazes de abraçar a verdade sobre este plano ? Alguém já te disse que
Deus não cria nada à toa e que o ser humano, criado sua imagem e semelhança é o que há de mas precioso na terra? Que Ele te
planejou e que Ele sabe muito bem onde irás ser feliz e realizado(a)? Que ele
tem uma vocação especial pra você e que você irá descobrindo ao caminhar, ao
escutar a sua voz que fala na tua oração, na santa liturgia e no desenrolar dos
acontecimentos?
Parece que isso não tem nada a ver com este artigo, mas foi
isso que eu intuí a partir da oração ao Espírito Santo, pedindo discernimento
para escrevê-lo, falando do dom da virgindade: Sabe, nós temos uma visão muito, mas
muito reduzida mesmo, sobre a virgindade
e é isso que não nos permite abraçar a verdade da virgindade tal como Deus
planejou.
Se eu não der o valor que Deus dá para a minha vida, para
minha pessoa, para minha história e para minha vocação a santidade para qual Ele
me chama, então realmente a minha virgindade
“não tem valor”, pode se transformar num “tabu” como muitos dizem ou num peso,
como muitos sentem. A virgindade é algo tão íntimo, tão sagrado, tão misterioso que é preciso entrar no mistério
do plano de Deus para, pelo menos, olhar com seus olhos e descobrir sua
grandeza.
O primeiro fato é incontestável: Deus nos cria, homem e mulher,
virgens. Deus nos cria “intocáveis”, nos cria de forma única a cada um de nós.
Isso nos tem que dizer algo: a virgindade é um Bem um Dom especial de Deus a nós, e que, portanto, tem que
ser apreciado, é uma realidade a ser preservado, pois Deus quis que nascêssemos
assim. E digo isso pensando na virgindade física e também espiritual, isto é,
virgindade da alma, e virgindade para o homem e para mulher, porque a
virgindade significa tanto, mesmo para aqueles que da boca para fora a
ridicularizam, porque : “ A virgindade física é uma expressão
externa deste fato de a pessoa pertencer só a si mesma e ao criador ou a alguém
muitíssimo especial que o criador preparou em seu plano de amor pra esta pessoa
o esposo ou a esposa no santo laço do matrimônio”.
Com a realidade do pecado original,
reconhecemos a integridade de Deus que desenhou para nós no seu plano original
não é fácil nem automático. Não podemos experimentar novamente a união íntima e
harmoniosa que havia em nós, mas podemos ter uma ideia como era, e isso é
possível quando aceitamos o dom da virgindade como algo belo como algo que
reflete aquela integridade da pessoa, corpo e alma, querida por Deus. A
virgindade não pode se resumir num dado fisiológico, pois corpo e alma ainda
estão unidos de forma substancial. Por isso, a integridade da pessoa é perdida
quando, apesar de existir a virgindade física, a pessoa deixou de ser pura
pelos atos cometidos.
No plano
Divino, a virgindade física deve
revelar a virgindade espiritual e vice versa . Este é o plano. Quando
falamos que Nossa Senhora é Virgem, Ela é virgem nos dois sentidos e de maneira
plena, pois não provou a ruptura entre corpo e alma que nós provamos pelo
pecado original, e jamais “conheceu” nenhum homem, para usar o termo que a
Sagrada Escritura usa para designar a relação conjugal. Quando então, no plano
de Deus, pode uma pessoa entregasse seu ser – e com ele sua virgindade física e
espiritual- para outra pessoa? Depende
da vocação que Deus lhe deu. Se a pessoa tem vocação de celibatário(a), a pessoa irá consagrar
a sua virgindade a Deus por meio do voto da castidade: “esta entrega exclusiva e total a Deus é fruto de um processo
espiritual, que ocorre no interior da pessoa sob a influência da Graça de Deus.
Ela constitui a essência da pureza, de fato, a pessoa que escolhe a total e
exclusiva entrega a Deus, vincula à pureza, que decide guardar. A pureza da
pessoa significa que ela é senhora de si mesma e que não pertence a Deus exceto
a Deus-Criador. A virgindade acentua ainda mais esta pertença a Deus. Aquilo
que era um estado na natureza torna-se objeto da vontade, de uma escolha ser a
e decisão consciente realizada”.
Se a pessoa tem vocação
matrimonial, ela irá entregar o seu ser- de forma única, exclusiva,
total- ao esposo(a) no dia das núpcias. “O
matrimônio é baseado no mútuo amor esposal; sem ele a recíproca entrega física
não teria o pleno apoio das pessoas, o matrimônio deveria ser fruto do
“primeiro amor”, isto é, da primeira escolha”.
Sabemos que isso ás vezes
não acontece: não sempre se casa o primeiro amor, e justamente por isso o
namoro deve ser 100% puro casto, transparente, e sem intimidades! Longe de isso
ser um ato autoritário ou arbitrário de Deus, isso serve para preservar aquilo
que todo amante deseja e o que o homem e a mulher têm direito: ser
único , exclusivo e total para o amado. Isso é a lógica intrínseca de quem ama
e quer ser amado.
O amor
humano exige por si mesmo esta unicidade, esta exclusividade, esta totalidade. Não
se ama alguém pela metade, se ama a pessoa inteira, corpo e alma e também sua
fertilidade, por isso no plano de Deus a entrega da virgindade nas núpcias (que
é sentido como entrega pela mulher e como posse pelo homem) é algo que os une
de forma totalmente diferente de qualquer casal na face da terra, e é
justamente por isso que a união de uma
só carne, ou seja, a relação conjugal tem um valor tão especial no
plano de Deus; a relação sexual entre um esposo e uma esposa - no plano de Deus- está chamada a refletir o
amor trinitário, com todas as suas características, que podem ser resumidas em
ser um amor livre, total, fiel e fecundo. Ambas as vocações, o celibato pelo reino
de Deus e o matrimônio são maneiras de viver a vocação a virgindade que todo ser
humano recebe e que lhe é inato: o amor conjugal é virgem na sua condição fiel
e santa ao esposo(a) tanto quanto o celibatário é virgem em sua consagração
particular e pessoal. Assim sendo, Toda vocação é um ato de amor e todo amor
termina em vocação.
Pe. Chagas, Pároco da Paroquia São
Pedro em Parambu, Ceará.
Agosto 2016.
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