PALAVRA DO SACERDOTE - Vocação ao Dom da VIRGINDADE: Uma escolha de amor!



  Vocação ao Dom da VIRGINDADE: Uma escolha de amor.

Filhos(as) de Deus, quando falamos sobre o amor de Deus por nós seres humanos pensamos imediatamente no plano que Ele, o Augustíssimo Senhor Jesus, tem para cada um de nós, e portanto temos que reconhecer que estamos frente a um tema que supera tudo: ter esta certeza do amor de Deus Manifestada neste plano pessoal. 

, cada um deve se perguntar se este algo tão extraordinário está ou não sendo cultivado merecidamente por nós dentro do plano de Deus. Porque será que as vezes nós não somos capazes de abraçar a verdade sobre este plano ? Alguém já te disse que Deus não cria nada à toa e que o ser humano, criado sua imagem e semelhança é  o que há de mas precioso na terra? Que Ele te planejou e que Ele sabe muito bem onde irás ser feliz e realizado(a)? Que ele tem uma vocação especial pra você e que você irá descobrindo ao caminhar, ao escutar a sua voz que fala na tua oração, na santa liturgia e no desenrolar dos acontecimentos? 

Parece que isso não tem nada a ver com este artigo, mas foi isso que eu intuí a partir da oração ao Espírito Santo, pedindo discernimento para escrevê-lo, falando do dom da virgindade: Sabe, nós temos uma visão muito, mas muito reduzida mesmo, sobre a virgindade e é isso que não nos permite abraçar a verdade da virgindade tal como Deus planejou.

Se eu não der o valor que Deus dá para a minha vida, para minha pessoa, para minha história e para minha vocação a santidade para qual Ele me chama, então realmente a minha virgindade “não tem valor”, pode se transformar num “tabu” como muitos dizem ou num peso, como muitos sentem.  A virgindade é algo tão íntimo, tão sagrado, tão misterioso que é preciso entrar no mistério do plano de Deus para, pelo menos, olhar com seus olhos e descobrir sua grandeza. 

O primeiro fato é incontestável: Deus nos cria, homem e mulher, virgens. Deus nos cria “intocáveis”, nos cria de forma única a cada um de nós. Isso nos tem que dizer algo: a virgindade é um Bem um Dom especial de Deus a nós, e que, portanto, tem que ser apreciado, é uma realidade a ser preservado, pois Deus quis que nascêssemos assim. E digo isso pensando na virgindade física e também espiritual, isto é, virgindade da alma, e virgindade para o homem e para mulher, porque a virgindade significa tanto, mesmo para aqueles que da boca para fora a ridicularizam, porque : “ A virgindade física é uma expressão externa deste fato de a pessoa pertencer só a si mesma e ao criador ou a alguém muitíssimo especial que o criador preparou em seu plano de amor pra esta pessoa o esposo ou a esposa no santo laço do matrimônio”.   

Com a realidade do pecado original, reconhecemos a integridade de Deus que desenhou para nós no seu plano original não é fácil nem automático. Não podemos experimentar novamente a união íntima e harmoniosa que havia em nós, mas podemos ter uma ideia como era, e isso é possível quando aceitamos o dom da virgindade como algo belo como algo que reflete aquela integridade da pessoa, corpo e alma, querida por Deus. A virgindade não pode se resumir num dado fisiológico, pois corpo e alma ainda estão unidos de forma substancial. Por isso, a integridade da pessoa é perdida quando, apesar de existir a virgindade física, a pessoa deixou de ser pura pelos atos cometidos.

No plano Divino, a virgindade física deve revelar a virgindade espiritual e vice versa . Este é o plano. Quando falamos que Nossa Senhora é Virgem, Ela é virgem nos dois sentidos e de maneira plena, pois não provou a ruptura entre corpo e alma que nós provamos pelo pecado original, e jamais “conheceu” nenhum homem, para usar o termo que a Sagrada Escritura usa para designar a relação conjugal. Quando então, no plano de Deus, pode uma pessoa entregasse seu ser – e com ele sua virgindade física e espiritual- para outra pessoa? Depende da vocação que Deus lhe deu. Se a pessoa tem vocação de celibatário(a), a pessoa irá consagrar a sua virgindade a Deus por meio do voto da castidade: “esta entrega exclusiva e total a Deus é fruto de um processo espiritual, que ocorre no interior da pessoa sob a influência da Graça de Deus. Ela constitui a essência da pureza, de fato, a pessoa que escolhe a total e exclusiva entrega a Deus, vincula à pureza, que decide guardar. A pureza da pessoa significa que ela é senhora de si mesma e que não pertence a Deus exceto a Deus-Criador. A virgindade acentua ainda mais esta pertença a Deus. Aquilo que era um estado na natureza torna-se objeto da vontade, de uma escolha ser a e decisão consciente realizada”.
           
Se a pessoa tem vocação matrimonial, ela irá entregar o seu ser- de forma única, exclusiva, total- ao esposo(a) no dia das núpcias. “O matrimônio é baseado no mútuo amor esposal; sem ele a recíproca entrega física não teria o pleno apoio das pessoas, o matrimônio deveria ser fruto do “primeiro amor”, isto é, da primeira escolha”.

Sabemos que isso ás vezes não acontece: não sempre se casa o primeiro amor, e justamente por isso o namoro deve ser 100% puro casto, transparente, e sem intimidades! Longe de isso ser um ato autoritário ou arbitrário de Deus, isso serve para preservar aquilo que todo amante deseja e o que o homem e a mulher têm direito:  ser único , exclusivo e total para o amado. Isso é a lógica intrínseca de quem ama e quer ser amado.

O amor humano exige por si mesmo esta unicidade, esta exclusividade, esta totalidade. Não se ama alguém pela metade, se ama a pessoa inteira, corpo e alma e também sua fertilidade, por isso no plano de Deus a entrega da virgindade nas núpcias (que é sentido como entrega pela mulher e como posse pelo homem) é algo que os une de forma totalmente diferente de qualquer casal na face da terra, e é justamente por isso que a união de uma só carne, ou seja, a relação conjugal tem um valor tão especial no plano de Deus; a relação sexual entre um esposo e uma esposa -  no plano de Deus- está chamada a refletir o amor trinitário, com todas as suas características, que podem ser resumidas em ser um amor livre, total, fiel e fecundo. Ambas as vocações, o celibato pelo reino de Deus e o matrimônio são maneiras de viver a vocação a virgindade que todo ser humano recebe e que lhe é inato: o amor conjugal é virgem na sua condição fiel e santa ao esposo(a) tanto quanto o celibatário é virgem em sua consagração particular e pessoal. Assim sendo, Toda vocação é um ato de amor e todo amor termina em vocação.


Pe. Chagas, Pároco da Paroquia São Pedro em Parambu, Ceará.
Agosto 2016.



           

Postar um comentário

0 Comentários