Entre as passagens bíblicas que
mencionam a velhice, uma está no Antigo testamento (Ec 12. 1-7) e outra no
Novo Testamento (Co. 5.1-1).
Os
dois textos ensinam que, normalmente, o envelhecimento é a última fase da vida
humana e terrena. É por isso que os teóricos usam a expressão “ultima idade” em
vez de “terceira idade”.
O
autor do Eclesiastes e o apóstolo Paulo falam a mesma coisa e ambos fazem referência
a Deus. Mas, o primeiro escreve como biólogo e o segundo como teólogo. Por essa
razão, o autor do Eclesiastes parece mais rude do que Paulo. É assim que o
Eclesiastes descreve a velhice com os seguintes pressupostos:
“Na velhice, seu corpo
já não ajudará muito. Os músculos afrouxam, os passos vacilam, as juntos
endurecem.
As sombras da noite se apresentam. Você já não poderá ir
para onde quer. Tudo estará devagar, quase parando. O barulho em sua casa
desaparecerá, e você acordará com o canto dos pássaros. Passeios nas montanhas
serão coisas do passado, mesmo uma simples caminhada o preocupará. Seu cabelo
branco será como flor de macieira, adornando um corpo frágil como cristal.
Você estará a caminho do descanso eterno, e os seus amigos
já começam a chorar. A vida, agradável enquanto durar, logo acabará, a vida
frágil como porcelana, preciosa e bela, terminará. Então, o corpo voltará ao
pó. O espírito retornará a Deus, que primeiramente o soprou.”
Na
passagem da segunda carta aos Coríntios, Paulo não esconde nem o processo de
envelhecimento nem o desenlace final e total. Ele focaliza mais a continuação
da vida. O exterior (que é visível) torna-se decadente, caminha para ruina, vai
se desfazendo, vai se aproximando inexoravelmente da morte e morre. O interior
(o que não é visível), no entanto, segue um caminho totalmente oposto; o idoso
que está unido a Cristo acredita em realidade não palpáveis, ele sabe muito bem
que, se a sua casa terrena (o corpo atual) se desfizer, ele tem. da parte de
Deus, outra casa, uma casa celestial e eterna (2Cor 5.1).
À
vista disso tudo, poderíamos nos aventurar a dizer que a velhice não é nem a
melhor idade, nem a terceira idade, nem a última idade. O período do
envelhecimento é a penúltima idade. Depois de o corpo voltar ao pó e o espírito
retornar a Deus, virá a verdadeira
melhor idade, graças à ressureição dos mortos ou a transformação dos
vivos (1Co 15, 51-54). Com uma ou com outra, o Senhor, quando voltar, “transformará o nosso corpo fraco e mortal e
fará com que fique igual ao seu próprio corpo glorioso, usando para isso o
mesmo poder que ele tem para dominar todas as coisas” (Fp 3.3.21).
A
vida humana tem início, mas não tem fim. Ela começa na concepção: sai do útero
para o seio da mãe, depois atravessa sucessivos estágios ou etapas; da infância
vai para a adolescência, da adolescência para a juventude, da juventude para a
vida adulta, da vida adulta para a velhice e morte física, da morte física para
a eternidade com Deus. Reconhecer os limites da idade e aceitar estes limites é
sabedoria psicológica e espiritual.
Pe. Chagas, vigário paroquial de
Parambu, Ibid.. Ultimato 311.
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