A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações
A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, porque celebra a entrada
de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade –
e aclamado pelo povo simples, que O aplaudia como “Aquele que vem em
nome do Senhor”. Esse povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de
Betânia havia poucos dias e estava maravilhado. Ele tinha a certeza de
que este era o Messias anunciado pelos profetas; mas esse mesmo povo
tinha se enganado no tipo de Messias que Cristo era. Pensava que fosse
um Messias político, libertador social que fosse arrancar Israel das
garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.
Para deixar claro a este povo que Ele não era um Messias temporal e
político, um libertador efêmero, mas o grande Libertador do pecado, a
raiz de todos os males, então, o Senhor entra na grande cidade, a
Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho;
expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo! Dessa
forma, o Domingo de Ramos dá o início à Semana Santa, que mistura os
gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu
Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras.
Os ramos lembram nosso batismo
Esses ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito
seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”.
Os ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus,
membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica,
especialmente nestes tempos difíceis em que esta é desvalorizada e
espezinhada. Os ramos sagrados que levamos para nossas casas, após a
Missa, lembram-nos de que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela
salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção
ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.
O sentido da Procissão de Ramos
O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a
terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela
nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão
transitório, que se gasta tão rapidamente. E nos mostra que a nossa
pátria não é neste mundo, mas sim na eternidade, que aqui nós vivemos
apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai. A Missa do Domingo
de Ramos traz a narrativa de São Lucas sobre a Paixão de Nosso Senhor
Jesus: Sua angústia mortal no Horto das Oliveiras, o Sangue vertido com o
suor, o beijo traiçoeiro de Judas, a prisão, os maus-tratos causados
pelas mãos do soldados na casa de Anãs, Caifás; Seu julgamento iníquo
diante de Pilatos, depois, diante de Herodes, Sua condenação, o povo a
vociferar “crucifica-o, crucifica-o”; as bofetadas, as humilhações, o
caminho percorrido até o Calvário, a ajuda do Cirineu, o consolo das
santas mulheres, o terrível madeiro da cruz, Seu diálogo com o bom
ladrão, Sua morte e sepultura.
Entrada “solene” de Jesus em Jerusalém
A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas
dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada
por Seus milagres, agora vira as costas a Ele e muitos pedem a Sua
morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido.
Quanta falsidade há nas atitudes de certas pessoas! Quantas lições nos
deixam esse Domingo de Ramos! O Mestre nos ensina, com fatos e exemplos,
que o Reino d’Ele, de fato, não é deste mundo. Que Ele não veio para
derrubar César e Pilatos, mas para derrubar um inimigo muito pior e
invisível: o pecado. E para isso é preciso se imolar; aceitar a Paixão,
passar pela morte para destruir a morte; perder a vida para ganhá-la. A
muitos o Senhor Jesus decepcionou; pensavam que Ele fosse escorraçar
Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas Ele vem
montado em um jumentinho frágil e pobre.
Muitos pensam: “Que Messias é esse? Que libertador é esse? É um
farsante! É um enganador que merece a cruz por nos ter iludido”. Talvez
Judas tenha sido o grande decepcionado. O Domingo de Ramos ensina-nos
que a luta de Cristo e da Igreja e, consequentemente, a nossa também, é a
luta contra o pecado, a desobediência à Lei Sagrada de Deus, que hoje é
calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um
Cristianismo “light”, adaptado aos seus gostos e interesses, e segundo
as suas conveniências. Impera, como disse Bento XVI, “a ditadura do
relativismo”. O Domingo de Ramos nos ensina que seguir o Cristo é
renunciar a nós mesmos, morrer na terra como o grão de trigo para poder
dar fruto, enfrentar os dissabores e ofensas por causa do Evangelho do
Senhor. Ele nos arranca das comodidades e das facilidades, para nos
colocar diante d’Aquele que veio ao mundo para salvá-lo.
FONTE: Canção Nova
FONTE: Canção Nova
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