1º DOMINGO DO ADVENTO - ANO C – 2.12.2012 |
Advento
é uma palavra derivada do latim “adventus”, que quer dizer “chegada” ou “vinda”. No
sentido comum, na antiguidade romana, “adventus” era a etapa de preparação para
a chegada de alguém muito importante a uma cidade ou aldeia. Vamos refletir
brevemente sobre o tempo de Advento, ressaltando o seu significado na vida dos
cristãos.
1.Qual o significado de Advento?
Liturgicamente, não são precisas as origens do Advento. Temos
informações a respeito da celebração do Advento a partir do século IV, como
tempo que abre o ciclo natalino e prepara a festa do Natal. Podemos abordá-lo
em duas dimensões: O “Advento natalício”, que visa à celebração do Natal
histórico e o “Advento escatológico” (escatologia = descobrir o último e
definitivo de todas as coisas, falando da realidade e do seu simbolismo), que
celebra a vinda gloriosa do Cristo no fim dos tempos.
O tempo de Advento compreende quatro semanas de ansiosa
expectativa da vinda do Salvador. Não é a espera da repetição de um fato
histórico. Claro que valorizamos a história…mas não se trata apenas de preparar
o aniversário de Jesus. O mais importante é a espera escatológica da chegada de
Jesus, que “virá julgar os vivos e os mortos”. Essa verdade de fé assusta muita
gente. Mas quando praticamos a justiça, a verdade e o amor, não temos nada a
temer. Afinal somos julgados pelo amor misericordioso de Deus todos os dias. E
isso acontecerá plenamente no momento da nossa morte, quando acontecerá o Natal
verdadeiro.
2.Nos dias de hoje, como deve
ser a preparação para o Natal?
Infelizmente, na sociedade consumista e imediatista em que
vivemos, ninguém tem paciência para esperar nada. Muito antes da Igreja, o
Natal já se estampa nas vitrines das lojas com artigos, produtos, campanhas,
promoções… olhem o comércio de Chapadinha, por exemplo,… tudo muito, mas muito
chamativo, para alimentar a fome de lucro, de mero faturamento. O Advento fica
perdido nesse jogo de interesses. A maioria dos católicos nem sabe da
importância do Advento. Quase todos atendem aos pelos da mídia e não prestam
atenção nas liturgias que desejam levar a uma mudança pessoal, algo que atinge
o cerne da vida e do coração.
Penso que devemos nos preparar para o Natal da forma mais
verdadeira que pudermos. E o mais importante na vida é ser verdadeiro. Não basta
ter “posse” da verdade. Uma bela proposta de preparação para o Natal:
centralizar mais intensamente nossa vida na palavra de Deus. Dar ouvidos aos
profetas do Advento, especialmente Isaías e João Batista. Reviver alguns dos
valores essenciais cristãos, como a vigilância, a esperança, a pobreza, a
conversão. É necessário que “preparemos o caminho do Senhor”, lutando contra o
pecado, contra a injustiça institucionalizada, através de uma maior disposição
para a oração e imersão na Palavra. É importante também colocar um “tempero”
pascal em nosso Advento e Natal. Os festejos natalinos são um desbobramento da
Páscoa.
3.Podemos dizer que Natal e
Páscoa têm algo em comum?
O ciclo do Natal é muito parecido com o tempo pascal, por vários
motivos. A Páscoa e o Natal têm início com um tempo preparatório, chegam ao
clímax numa solenidade esplendorosa e se estendem por determinado tempo. O
Advento é tempo de alegre espera. Mas tomemos cuidado com a categoria “alegria”
aplicada ao Advento. Hoje, nós queremos da vida apenas sua fatia
superficialmente alegre. É muito positivo que se tenha abolido do tempo de
Advento aquele peso quase quaresmal de penitência e sofrimento. Contudo,
envernizá-lo, de modo a se tornar quase uma Páscoa [ver por exemplo a “maneira”
das decorações comerciais influenciarem nossa liturgia e nossos lares
cristãos…só falta colocar o “pai natal” no lugar do menino Jesus. HORA do
COMERCIAL: Na loginha paroquial temos à venda presépios, é uma forma de
evangelização cultural…]. É um exagero a corrigir… O Advento tem um domingo
dedicado à alegria da espera, que é o terceiro. Nesse domingo, a cor litúrgica
é o róseo. Nos outros domingos vigora a cor violácea, que no passado era um
roxo forte, que tinha o gosto amargo do exílio. Precisamos estar atentos ao extremismo.
4.Essa questão da cor parece
ainda polêmica entre os padres…
Sim. É triste ver padres e equipes de liturgia insistindo em usar
paramentos azuis no tempo de Advento. A cor azul jamais foi cor litúrgica.
Geralmente, associamos a cor azul a Nossa Senhora. Será que ela só usava mantos
dessa cor? Será uma associação ao céu azul. Nada tenho contra Nossa Senhora,
muito pelo contrário. Mas considerar o tempo de Advento como “tempo mariano por
excelência” é um atropelo litúrgico. O Advento tem como centro a pessoa de
JESUS CRISTO. Nossa Senhora, São José, João Batista e Isaías são apenas grandes
coadjuvantes. Sem Maria, não haveria Natal, mas seu Filho é incomparavelmente
superior a todas as nossas expectativas. Maria é a mulher do silêncio e do sim.
Com ela, o Natal fica materno e feminino. Ela nos ensina a ter paciência e fé
na espera. Sua gravidez é também nossa. Com o Menino, um novo mundo está se
gestando. As cores do Advento são o violáceo e o róseo. O Natal é branco,
prateado e dourado!
5.Qual a importância da Novena de Natal em
família?
A Novena de Natal deveria se chamar Novena de Advento! Sua
importância é missionária e evangelizadora [HORA do COMERCIAL número 2: Na
loginha paroquial temos à venda Novenas…]. Convocamos familiares, vizinhos e
amigos para rezar e meditar a Palavra de Deus. Há publicações de excelente
tradição aqui no Regional Nordeste 5 – CNBB do Maranhão. A Igreja precisa sair
do templo e invadir os domicílios, as mansões, as ruas, as sedes de associação…
Não há cena mais edificante que um grupo reunido em oração, faminto da Palavra.
O tema central da Novena, no Nordeste 5, este ano é “Fiéis ao Deus dos pobres e
aos pobres de Deus na construção do Reino, preparemos a vinda de Jesus!”. A
Novena de Natal (de Advento… melhor dito) nos ajude a crer na necessidade de
acolher em família, com ternura, o Senhor que vem na pessoa do pobre e do
desvalido.
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